Como está a adaptação dos alunos à lei que proibiu o uso de celulares nas escolas? A medida foi sancionada em dezembro de 2024 pelo governo do estado de São Paulo e, em janeiro, ganhou uma versão nacional, aprovada pelo governo federal. Para entender o impacto na rotina escolar, a reportagem acompanhou o dia a dia dos estudantes na capital paulista, desde o dia em que receberam a notícia da proibição até a primeira semana de fevereiro, quando a lei entrou em vigor.
Na escola Yervant Kissajikian, na zona leste de São Paulo, os alunos passavam grande parte do tempo grudados no celular nas salas de aula e no intervalo. Nem mesmo na hora de comer largavam os aparelhos para jogar ou ficar nas redes sociais. “Eu sou uma pessoa que não consigo ficar longe do meu celular. Em todo lugar que eu vou eu preciso estar com meu celular no bolso, na mão. Durante a aula, eu olho bastante no celular, mexo nas redes sociais também”, conta Gustavo Santana, estudante do primeiro ano do ensino médio.
A lei veio para acabar com situações como a que enfrentou o professor José Cleto do Nascimento, de geografia, que chegou até a baixar o jogo no celular para conseguir a atenção dos alunos. “Comecei a jogar com eles e aí eles: ‘ah, o professor está jogando também’. Com isso, eu fui ganhando a atenção deles, e fiz um combinado: ‘olha, a gente vai ter o momento de jogar e tem o momento de prestar atenção na aula'”, explica.
A autora do projeto que foi aprovado por unanimidade, explica que as restrições estão baseadas em vários estudos no Brasil e no mundo que comprovam os efeitos do uso excessivo do celular. “A gente estava tendo as crianças e os adolescentes perdendo em aprendizado, em saúde mental, em relação entre eles, em desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento socioemocional, em todo o tempo deles sendo capturados pelo celular”, diz a deputada estadual/Rede-SP, Marina Helou.