Os casos de dengue ligados ao sorotipo 3 dispararam no Brasil, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. Segundo dados do Ministério da Saúde, esse crescimento foi mais evidente nas últimas semanas de dezembro de 2024, quando o chamado sorotipo DENV3 começou a se espalhar de forma mais significativa, representando 31,8% dos casos no Amapá, 28,7% em São Paulo, 18,2% em Minas Gerais e 9,3% no Paraná.
Esses estados lideram a circulação do DENV3, que tem mostrado um crescimento preocupante em comparação com os outros sorotipos predominantes, como o DENV1 e o DENV2. E segundo infectoligistas ouvidos pelo g1, essa taxa de crescimento acende um alerta para o serviço de saúde de todo o país já que o avanço do DENV3 pode levar a um cenário alarmante, com um aumento expressivo no número de casos em um curto prazo. E tudo isso após um ano já marcado por recordes de diagnósticos, como foi 2024.
“O aumento dos casos de dengue 3 chama a atenção porque grande parte da população é suscetível, já que o vírus circulou em níveis baixos nos últimos anos e por causa disso, muitas pessoas não desenvolveram imunidade contra esse sorotipo”, explica a professora da USP Maria Anice Mureb Sallum, que atua na área de taxonomia e ecologia de mosquitos vetores de agentes infecciosos há mais de 45 anos. O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença.
Ou seja, uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com os quatro diferentes sorotipos do vírus. No Brasil, são endêmicos os sorotipos 1 e 2, mas em 2024 os quatro tipos do vírus foram identificados no país. E uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, uma pessoa passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.
O que esperar para 2025?
Segundo o Ministério da Saúde, os padrões registrados em 2023 e 2024 indicam que São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná devem liderar os casos de dengue em 2025. E nessas regiões, a incidência deve superar os números do ano passado, que já foram bastante altos.