O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que regressa ao Brasil muito feliz com o balanço da participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O principal destaque da viagem foi a aproximação inédita com Donald Trump, que pode se transformar em uma reunião bilateral nos próximos dias. Lula disse ter ficado surpreso com o encontro casual com o republicano. Segundo ele, era comum cruzar com presidentes americanos, mas desta vez o gesto sinalizou algo além. “Pintou uma química, foi uma surpresa boa”, resumiu.
O petista destacou que Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente e não deveriam viver em conflito. Lula contou ainda que fez questão de dizer a Trump que há muitos pontos em aberto entre os dois países, e relatou ter ficado satisfeito ao ouvir do norte-americano a mesma disposição para conversar.Apesar do tom amistoso, Lula frisou que há limites inegociáveis. Ele afirmou que a soberania brasileira e a democracia não estão em discussão “nem com Trump, nem com nenhum outro presidente do mundo”. O presidente também rebateu informações equivocadas que, segundo ele, chegaram a Trump sobre o comércio bilateral.
Lembrou que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam superávit de 410 bilhões de dólares na relação com o Brasil, e não déficit, como teria sido informado ao republicano.Sobre tarifas, Lula afirmou que considera legítima a preocupação de Trump em proteger os trabalhadores americanos, mas insistiu que esse tipo de negociação deve acontecer no marco da Organização Mundial do Comércio. “Quero que esse debate ocorra na OMC, para fortalecer o multilateralismo”,explicou. Ao encerrar a agenda em Nova York, o presidente disse acreditar que o gesto inicial pode inaugurar uma nova fase entre Brasil e Estados Unidos e ajudar a superar o mal-estar recente na relação bilateral.