Já pensou uma Páscoa com menos chocolate e ovos mais caros? Esse é um dos cenários previstos por economistas e representantes do setor para este ano, em meio às altas do preço do cacau que atingiu um pico em dezembro. Na ocasião, a tonelada de cacau chegou a ser comercializada por US$ 11.040 na cotação da bolsa de valores de Nova York, uma alta de 163% na comparação com o mesmo mês em 2023. Esse aumento é impulsionado pelos problemas climáticos nas lavouras dos maiores produtores do fruto do mundo, localizados na África. O continente representa 70% do fornecimento mundial da amêndoa. É o caso da Costa do Marfim, maior produtora, que sozinha gera 45% do cacau do planeta.
E isso afeta o chocolate brasileiro, já que o cacau é uma commodity, ou seja, o seu preço é definido internacionalmente. Ao longo do ano passado, os produtores dos chocolates industrial e artesanal usaram estratégias para driblar a alta e não repassar o preço para os consumidores finais, como optar por mais mix de produtos e diminuir o tamanho da embalagem. Mas isso pode ficar mais difícil na Páscoa, uma vez que a amêndoa usada para fazer o chocolate para o feriado foi comprada no segundo semestre do ano passado, quando o preço da amêndoa atingiu o pico.
A produção mundial de cacau teve o seu terceiro ano seguido de déficit em 2024. Isso significa que os países produzem menos cacau do que consomem, afirma Anna Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Desde a safra 2021/2022, os países já deixaram de produzir 758 mil toneladas, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO).